sexta-feira, 25 de março de 2016

Das outras decisões...

Quem anda por aqui há mais tempo, há anos mesmo, sabe da minha paixão por gatos.

Eu sou uma pessoa de gatos. Eu gosto de gatos. Eu gosto de estar rodeada de gatos E, acrescento, preciso disso. Há dezenas de artigos que falam sobre os benefícios de termos um animal de estimação em geral, e outros tantos sobre ter um gato, em particular.

Nunca mais falei aqui sobre a Cookie nem sobre o que se passou com ela, e não é hoje que o vou fazer, mas desde o Verão passado que eu estava sem gatos.

No final do Verão a minha vida deu as voltas todas que se sabe, em Outubro aluguei a minha casa, comecei a morar sozinha e nos meses seguintes a minha vida continuou a dar voltas e voltas. A ideia de ter um gato foi estando sempre presente, mas nunca me decidi a concretizá-la. Adoptar um gato, ou qualquer animal de estimação, é uma decisão que deve ser pensada e repensada, bem ponderada, para termos a certeza de que estamos preparados para o que ela implica.

E eu continuei a pensar e a repensar. Até ontem.

Ontem eu decidi-me finalmente e fui buscar um gato. Fui, literalmente, apanhar um gato que estava numa colónia de rua de que uma senhora costuma tomar conta. Estava com muitas dúvidas, muitos medos, porque era um gato já com cerca de um ano e era um gato de rua. Nunca adoptei nenhum gato que não fosse bebé e também nunca adoptei nenhum gato directamente da rua. Estava com medo de como as coisas iam correr.

E agora? O que é que eu tenho a dizer? Que foi a melhor decisão que podia ter tomado. Este gato tem estado a ajudar-me a relembrar uma das que é, para mim, uma das maiores lições da nossa vida: a da gratidão.

Desde que entrou cá em casa, há menos de 24 horas, o tempo dele divide-se entre dormir, ronronar e comer. É a coisa mais doce que se pode imaginar. Quando acorda, olha para mim e começa a ronronar. Não está assustado, não se isolou, não está alerta. De manhã esteve a dormir numa poltrona ao sol, completamente esponjado, relaxado, em paz. Ontem, pouco depois de chegarmos, fui pô-lo na casota para ele saber onde era. Bastou uma vez. E deve ter passado tanta fome nos últimos tempos que agora se anda a vingar!

E, perante o comportamento dele, ao vê-lo a dar-se assim a alguém que conhece há umas horas apenas, eu percebo, mais uma vez, o que é a gratidão. A gratidão é isto. E fico de lágrimas nos olhos e só penso no que este bicho não terá passado, para agora estar tão feliz em tão pouco tempo, só porque lhe deram um tecto, comida e atenção.

Quando ele, que mal me conhece, quer subir para o meu colo e me dá turras, quando se estica da sua cama (que pus em cima do sofá ao meu lado) para me tocar com a sua patinha, quando vem atrás de mim de cada vez que me levanto, quando mia porque não me vê, eu volto a lembrar-me que a alegria de viver está nas pequenas coisas. Que, na maior parte das vezes, não precisamos de grandes coisas para sermos felizes. Que, uma das coisas que nos pode realmente fazer mais felizes, é praticar o bem.

E ontem, eu acredito que pratiquei o bem.

Bem-vindo Snow (Jon Snow para os amigos)!






4 comentários:

  1. Ate para ser gato é preciso ter sorte.
    Que sejam muito felizes a dona e o gato.

    JL

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  2. Que lindo o teu gesto.
    Que sejam os dois muito felizes entre festas e ronrons.

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